19/07/2018
Era o tal
negócio: você existe, então espera que seja fácil permanecer. Mas não é bem
assim. Especialmente quando você torna o viver num ato de liberdade. Em que
você é o seu eu, não aquele eu que os outros esperam.
É difícil
viver com empatia. Você entende o mundo por mais fudido que ele seja. Ao mesmo
tempo, você percebe que vive num grande hospício. É difícil ser uma das poucas
pessoas sã.
Digo sã, no
sentido de ver a realidade e viver de acordo com princípios racionais. Nada não
sentimental não, acredite, até no amor é preciso entender, ainda que nem sempre
seja possível descrever com palavras.
Hoje eu
percebo porque é difícil ser eu. Tenho dificuldade de lidar com pessoas, apesar
de entendê-las. Existe um vazio de palavras entre mim e as pessoas, e sinto uma
enorme dificuldade de preencher esse vácuo em determinadas situações.
Acho que por
ser segura do que eu gosto, posso ou não posso fazer, soou muitas vezes
pedante. Nunca foi minha intenção, mas não gosto de me desculpar por ser eu.
Quem me entende que me ame, quem não que me ponha de lado.
Na maioria das
vezes sou posta de lado. Às vezes me importo, sinto o vazio de tantos que me
deixam. Mas acaricio o vazio e o preencho com meu azul.
Meus muitos
interesses me cansam. Mas me impelem, fazendo com que eu siga em frente. Acho
que é um dos principais motivos pelo que permaneço.
Outro motivo é
o amor. Sim, eu amo, se amei um dia o amor permanece. Muitas vezes muda, mas eu
não esqueço. O amor em mim é um espiral infinito de diversas cores e com
inúmeros compartimentos.
No mais, afora
o amor, eu me apaixono. Me apaixono por mim, as vezes pelas cores, ou mesmo por
um gesto. A inteligência me deslumbra ou certo há um certo quê de autoridade.
Me apaixono por um livro, uma música, uma dança ou por aquele filme que me fez
transbordar. Essas paixões somem como vieram, escoando rápido rio abaixo.
Penso que
desperto inimizades espontâneas, bem como atrações quem nem mesmo as pessoas
que sentem sabem explicar. Sinto que meus modos ecoam, e depende apenas da
sintonia do outro o que irá ocorrer.
Por vezes,
sinto que eu estou de castigo na vida. Como se houvesse algo a aprender quando
sou posta a conviver com inúmeras situações sufocantes. Isso é o que me faz
querer ir.
Mas eu sinto
que tanto ainda há a ser feito.
Sei também que
correr, não é meramente uma escolha, é parte de mim.
No mais eu me
importo. Quero transformar o caos em algo bom. Contribuir para que os múltiplos
quebra cabeças existenciais se entrelacem e que o sentido cresça.
Sinto que
existo e que me importo e então, percebo enfim, que a única escolha é
permanecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário