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quinta-feira, 7 de março de 2019

Nunca me disseram que seria fácil existir

19/07/2018

Era o tal negócio: você existe, então espera que seja fácil permanecer. Mas não é bem assim. Especialmente quando você torna o viver num ato de liberdade. Em que você é o seu eu, não aquele eu que os outros esperam.
É difícil viver com empatia. Você entende o mundo por mais fudido que ele seja. Ao mesmo tempo, você percebe que vive num grande hospício. É difícil ser uma das poucas pessoas sã.
Digo sã, no sentido de ver a realidade e viver de acordo com princípios racionais. Nada não sentimental não, acredite, até no amor é preciso entender, ainda que nem sempre seja possível descrever com palavras.
Hoje eu percebo porque é difícil ser eu. Tenho dificuldade de lidar com pessoas, apesar de entendê-las. Existe um vazio de palavras entre mim e as pessoas, e sinto uma enorme dificuldade de preencher esse vácuo em determinadas situações.
Acho que por ser segura do que eu gosto, posso ou não posso fazer, soou muitas vezes pedante. Nunca foi minha intenção, mas não gosto de me desculpar por ser eu. Quem me entende que me ame, quem não que me ponha de lado.
Na maioria das vezes sou posta de lado. Às vezes me importo, sinto o vazio de tantos que me deixam. Mas acaricio o vazio e o preencho com meu azul.
Meus muitos interesses me cansam. Mas me impelem, fazendo com que eu siga em frente. Acho que é um dos principais motivos pelo que permaneço.
Outro motivo é o amor. Sim, eu amo, se amei um dia o amor permanece. Muitas vezes muda, mas eu não esqueço. O amor em mim é um espiral infinito de diversas cores e com inúmeros compartimentos.
No mais, afora o amor, eu me apaixono. Me apaixono por mim, as vezes pelas cores, ou mesmo por um gesto. A inteligência me deslumbra ou certo há um certo quê de autoridade. Me apaixono por um livro, uma música, uma dança ou por aquele filme que me fez transbordar. Essas paixões somem como vieram, escoando rápido rio abaixo.
Penso que desperto inimizades espontâneas, bem como atrações quem nem mesmo as pessoas que sentem sabem explicar. Sinto que meus modos ecoam, e depende apenas da sintonia do outro o que irá ocorrer.
Por vezes, sinto que eu estou de castigo na vida. Como se houvesse algo a aprender quando sou posta a conviver com inúmeras situações sufocantes. Isso é o que me faz querer ir.
Mas eu sinto que tanto ainda há a ser feito. 
Sei também que correr, não é meramente uma escolha, é parte de mim.
No mais eu me importo. Quero transformar o caos em algo bom. Contribuir para que os múltiplos quebra cabeças existenciais se entrelacem e que o sentido cresça.
Sinto que existo e que me importo e então, percebo enfim, que a única escolha é permanecer.

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